terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Como salvar as humanidades ?

Por sugestão da minha irmã, li este fim de semana, o La littérature en péril, de Tzetan Todorov (Paris: Flammarion, 2007). O colapso das humanidades é um dos fenómenos mais preocupantes da universidade moderna – e da sociedade em geral. O assunto interessa-me não só pela sua incidência no mundo académico – o meu mundo – mas porque me parece que por detrás desse fenómeno estão razões muito profundas que é necessário compreender. Todorov não é de maneira nenhuma o primeiro a olhar para este assunto: há mais de vinte anos Alan Bloom causava grande comoção com o The Closing of the American Mind (1987), livro que foi seguido pelo de Gertrude Himmelfarb, On Looking into the Abyss: Untimely Thoughts on Culture and Society (1994), o de Jacques Barzun, From Dawn to Decadence: 500 Years of Western Cultural Life, 1500 to the Present (2000), e, muito recentemente, por Martha Nussbaum, Not for profit: why democracy needs the humanities (2010).

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Salinger

Aproveitando uns voos de longa distância que tive de fazer nos últimos dias, li o recente Salinger, de David Shields e Shane Salerno (New York, etc.: Simon & Schuster, 2013). Baseado em mais de duzentas entrevistas com pessoas que conheceram J. D. Salinger, e com acesso a materiais até aqui inacessíveis, o livro foi lançado com grande aparato. Aliás, era acopmanhado (ou acompanhava?) de um documentário (The Private War of J. D. Salinger). O livro está montado com uma precisão de relojoaria, quase como uma filigrana de textos. Do ponto de vista formal, é um feito. Quanto ao mais, algumas revelações, algumas especulações, mas no fim, fica-se com a desagradável sensação de ser apenas voyeurismo de alto nível. J. D. Salinger mostra-se certamente um pouco mais humano, mas permanece quase tão inacessível e incompreensível como era antes.